Camila Maria Fagundes de Lima[1]
Edgar Allan Poe nasceu em Boston, em Janeiro de 1809. Foi autor, poeta, editor e crítico literário. Poe foi o primeiro escritor americano a tentar ganhar a vida através da escrita, resultando em uma carreira financeiramente difícil. Seus temas, geralmente, tratam de questões como a morte, incluindo os sinais físicos, os efeitos da decomposição, a reanimação dos mortos e o luto.
O conto “O Poço e o Pêndulo” foi publicado em 1842 e retrata o julgamento de um inquisitado que, após receber a sentença, é atirado num calabouço, local onde sofre inúmeras torturas físicas e psicológicas. Em uma das tentativas de reconhecer o local onde foi aprisionado, ele se depara com um poço, que lhe desperta horríveis pressentimentos quanto ao seu futuro como prisioneiro. Os inquisitores, que querem dar cabo de sua vida a qualquer custo, o amarram sob uma grade, para que ele possa assistir a descida de um pêndulo. Após tentar dar fim a sua própria vida, o inquisitado é salvo pelo exército francês.
O conto em questão foi escrito com foco narrativo em primeira pessoa, e isto nos é exposto a partir da flexão de verbos e pronomes na primeira pessoa do singular, como podemos comprovar no seguinte trecho:
"De repente, uma idéia terrível acelerou violentamente o sangue em meu coração e, durante breve espaço, mergulhei de novo na insensibilidade. Ao recobrar os sentidos, pus-me logo de pé, a tremer convulsivamente. Alucinado, estendi os braços para o alto e em torno de mim, em todas as direções. Não senti nada. Não obstante, receava dar um passo, com medo de ver os meus movimentos impedidos pelos muros de um túmulo."
(POE, 1981, p. 99, grifo nosso)
No conto, temos também um enredo enxuto, o que torna a leitura direta, mas não menos interessante. Dentro da ação observamos dois clímax: um quando o inquisitado foge do poço e outro quando foge do pêndulo; além de um anticlímax, quando as tropas chegam.
Em “O Poço e o Pêndulo”, o prisioneiro aparece como protagonista da história. Há também os personagens secundários, como os inquisitores e os torturadores que, ainda que estejam ocultos, são de fundamental importância para reforçar a sensação de solidão do protagonista. Há ainda a presença dos ratos, representando a síntese do terror.
O espaço e o tempo são representados, respectivamente, pelo poço e pelo pêndulo. Embora o poço sugira espaço e o pêndulo sugira tempo, o inquisitado luta com as duas dimensões de modo quase que inseparável, lutando contra o tempo para se livrar do pêndulo, enquanto batalha para não cair dentro do poço.
Referências
Biografia disponível em: <https://www.lpm.com.br/site/default.asp?TroncoID =805134&SecaoID=948848&SubsecaoID=0&Template=../livros/layout_autor.asp&AutorID=37>. Acesso em 10 out. 2013
POE, E. A. In: Contos de Terror, de Mistério e de Morte. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981.
FREITAS, Jamille Rabelo de; LIMA, Olívia Maria Santos de; COUTO, Thaízze. Análise Estrutural: O Poço e o Pêndulo. Disponível em: <https://secretalitterarum.blogspot.com.br/2011/06/analise-estrutural-o-poco-e-o-pendulo.html>. Acesso em 29. Out. 2013
[1] Aluna do 2º Semestre do curso de Letras Português/ Inglês, bolsista CAPES pelo PIBID, com complementação curricular em Língua Espanhola.